Do Momento em que Minha Vida Virou um Caos

Bom, as férias acabaram-se (ahhhhhhhhhhh) e junto com elas TODA e QUALQUER paz e tranquilidade que poderiam ainda habitar o meu ser. Minha querida progenitora já tinha tempos que queria abrir um negócio próprio (favor, sem piadinhas infames, é de minha progenitora que estamos falando). Em janeiro ela recebeu uma oferta da minha chefe (vulgo, a dona da escola que ainda ensino) que abriu as portas da instituição de ensino para que minha mãe assumisse a cantina. Minha cara mãe, que é cozinheira de mão cheia e - como diria uma prima dela - muito "ideêntica" ADOROU a idéia. E lá se foi, ser a nova dona da cantina. Passou janeiro inteiro reformando a bagaça porque o antigo dono deixou aquele pequeno espaço em petição de miséria (estou falando sério, até ficar com nojo de já ter comido o almoço dali eu cheguei a ficar, tamanha a sujeira em que tudo se encontrava), e no primeiro dia de aulas lá estávamos nós, eu e ela, eu reiniciando meu momento professorinha e ela começando um novo negócio.

O problema caros leitores é que na hora do intervalo cerca de milhares de alunos famintos fazem uma fila interminável para compra o lanche, porque aluno que é aluno não têm massa cefálica o suficiente para ser "ixperto" e comprar a ficha do lanche ANTES das aulas começarem. Porque aluno que é aluno não compra só o lanche dele, ele pega 5 notas de 10 reais e sai fazendo o pedido: Olha, com esses 10 o senhor tira um refrigerante, com esses 10 o senhor tira um salgado e outro refrigerante, e compra o lanche dele e de mais 5 coleguinhas. Porque aluno que é aluno fica 5 minutos esperando em uma fila para quando chegar no caixa FICAR INDECISO quanto ao que ele quer comer.

Resultado: agora além de ser professora, tradutora, consultora de moda, mãe, esposa, administradora do lar e das finanças, estudante da faculdade de letras; eu também sou CAIXA e gerente de cantina. Vejam só o que sobrou para minha pessoa. E o que é que eu ganho com tudo isto? Eu posso dizer para um aluno mal comportado que se ele não se aquietar eu não vendo mais lanche para ele. Veja só que fofo.

E no meio disso tudo tem Mini, que entrou para a quinta-série e tá mais perdida que cego em tiroteio. Primeiro dia de aula ela teve tarefa de casa de matemática, lá vou eu, depois que larguei da minha nova profissão, sentar com ela:

Eu: Filha, pega a tarefa de matemática para eu ver sobre o que é.
Ela: Oxe mainha, não precisa fazer nada não.
Eu: Ué, mas na sua agenda tem da página sbrubbles até a página furfles para fazer. Como é que não tem nada para fazer?
Ela: É que é só para fazer MENTALMENTE.

HEIN? CUMA? Mentalmente?!?!?!? Lá vou eu pegar o livro de matemática para ver onde é que estava ensinando minha filha a psicografar. Abro na página sbrubbles e tudo começa a fazer sentido. Tinha realmente uma tarefa ENORME para ser feita, mas livros de quinta-série não têm mais ESPAÇO para escrever a resposta, porque esta, deve ser escrita no caderno. E Mini, no alto de toda a sua sapiência deduziu que a falta de espaço significava que você deveria responder tudo MENTALMENTE e conferir suas respostas MENTALMENTE na outra aula. E depois de tudo isto a nota baixa é tirada MENTALMENTE, né? Olha, eu mentalmente me demito deste cargo.

Beijos e lambidas mentais