Eu e a faxineira, a faxineira e eu.

Os primeiros seis meses de casados, eu e marido relutamos muito em contratar alguém para dar uma geral na casa uma vez por semana. Eu (especialmente) achava um absurdo pagar mais de R$ 100,00 para uma pessoa vir limpar uma casa onde moram duas pessoas (porque já comentei aqui que Mini passa a semana na casa da avó). Como eu passava mais tempo em casa, eu (o homem da casa) me auto-intitulei responsável por manter a casa limpa. Só que eu (a paranóica da casa) não consigo limpar nada "por cima", eu tenho que fazer aquelas faxinas de cotonete, sabe? Eu não consigo simplesmente "passar um pano" nas coisas, eu tenho que tirar tudo do lugar e ir limpando frestas, arestas, rebarbas e todos os cantinho mínimos de tudo. Resultado: eu nunca conseguia chegar nos quartos, começava pela sala (que na época não tinha quase nada de mobília), chegava na cozinha, e assim o dia acabava e eu tinha parado na cozinha. Dois dias depois o ritual se repetia, e nosso quarto começou a virar um chiqueirinho. Ele, que nunca sonhou em casar e começar a dormir em um monte de feno com uma mulher frustrada ao lado, percebeu que depois de seis meses eu estava muito próxima a ter um surto psicótico e me convenceu a contratar uma faxineira, se eu soubesse o trabalho que isso dava....

A primeira era um doce, até fazia uma faxina fofa, mas não passava uma peça de roupa. Eu tenho um marido que é advogado, ou seja, 5 camisas de botão por semana, junto com todas as minhas centenas de roupas que eu sujo em uma semana. Resultado: Barata chegava em casa da faculdade e ficava até altas horas passando roupa. Resolvemos que, se estávamos pagando alguém para fazer o serviço pesado, que o fizesse por completo, e a primeira que era um doce voou.

A segunda é doida, doida de pedra e sem memória alguma. É do tipo que coloca as camisas do Arthur no armário de Mini, livros embaixo da cama (temos duas estantes de livros na sala), o livro que está na cabeceira (e que qualquer mero mortal sabe que provavelmente é o livro que a pessoa está lendo) viajava para os confins do Cemitério dos Livros Perdidos...e por aí vai....as piores da minha faxineira desorganizada são as seguintes:

1. Nós temos conjuntos completos de lençól porque eu sou uma diva e não durmo em lençól desconjuntado nem de malha, então todos os conjuntos são de Percal, ela está trabalhando aqui em casa tem 5 meses, ela NUNCA colocou os conjuntos certos, ela coloca a fronha de um, o forro de outro e o lençól de outro conjunto. A coisa já chegou ao ponto de eu correr depois que ela passa os lençóis para colocar os conjuntos juntos no armário e mesmo assim ela não acerta.

2. Nossas toalhas também são em conjuntos de 3 peças para nós, e 2 peças para Mini. Eu toda vez tenho uma síncope quando a toalha branca de flores vermelhas da Teka que tem uma pareia IGUAL à ela, está do lado da azul da Buetner que tem um padrão NADA A VER com a da Teka, ou seja, toda vez que ela muda os toalhas, eu passo lá e destroco as peças que não pertencem ao conjunto.

3. 90% das vezes que ela sai e eu vou lavar a roupa suja, as toalhas sujas e MOLHADAS estão dentro do cesto de roupa suja com todas as outra roupas SECAS que estão ali esperando para tomar banho. E não pensem que eu não avisei para não fazer isso.

4. Passei DOIS MESES sem usar minha agenda simplesmente porque não a achava.

5. Ela achou por bem REORGANIZAR os lugares na minha cozinha a seu bel prazer. O armário que só tinha louças agora tem inox, o que só tinha copo agora também tem louças, o armário que usamos para guardar mantimentos agora também tem panelas e a prateleira dos tupperwares agora tem eletrodomésticos, em suma, meus objetos de cozinha estão fazendo uma suruba só.

6. O último livro que li, demorei dois meses para terminar, porque ela vinha arrumava, escondia o livro, aí eu passava uma semana sem ler, quando ela vinha na semana que vem, eu perguntava pelo livro, ela pegava onde escondeu, e eu lia o livro, e assim sucessivamente.

7. Tem coisa de todo mundo no armário de todo mundo, bijoux minhas no armário de Mini, cuecas do marido na minha gaveta de calcinhas, a um ponto que eu simplesmente proibi a moça de guardar qualquer roupa em qualquer armário, ou seja, ela vai embora e eu vou trabalhar para colocar as coisas no lugar.

Esses sete tópicos já bastariam para os menos pacientes falarem para a moça voar também, mas eu, sei lá por que motivo, gosto da moça e o mais difícil: confio nela. Então vou deixando ficar e me estressando procurando as coisas dentro de casa durante a semana. Só que aí rolou a oitava e pior de todas as coisas.

8. Na minha viagem para o show da diva mór comprei um vestido rosa desses bem frouxos, cheio de babadinhos (em suma, pareço uma bocó quando uso mas adoro o danado), ele é daqueles tecidos meio micro-fibra meio seda. A primeira vez que eu lavei esse vestido, fui lá no quartinho para ensiná-la a passar, disse expressamente que o vestido tinha que ser passado com o ferro baixo porque o tecido dele enrugava e queimava com ferro quente. Sábado passado este vestido estava para passar, foi passado, eu peguei o vestido já no cabide e enfiei no armário. Hoje, depois que minha faxineira desorganizada foi embora, tomei um banho e peguei o vestido no meu armário, qual não foi meu susto quando vi um ROMBO de ferro bem no meio da barriga. Tipo, eu SURTEI na hora que vi o estrago. E tipo, ela queimou meu vestido sábado passado, não me disse nada, voltou hoje, eu chamei a atenção dela com relação aos lençóis, ela foi embora, e continuou sem me dizer nada.....eu até aguento a desorganização dela, mas não SUPORTO mentira.

Em outras palavras: alguém conhece uma boa faxineira para me indicar?

Beijos e Lambidas