Eu tenho um marido torcedor.

Quando eu conheci o Homem dos Olhos Cor de Gasolina, enquanto eu o informava que eu tinha uma filha que sempre viria em primeiro lugar, ele me informava que ele, por sua vez, tinha o Flamengo, que sempre viria em primeiro lugar. À priori, achei normal essa afirmação, homens e futebol normalmente andam juntos e eu sinceramente e sem modéstia entendo um pouco do negócio (o suficiente para saber onde a bola está, o que é um escanteio, como acontece um impedimento, e para torcer por um time, no meu caso, o Sport Clube do Recife - sim sim, aquele que perdeu de goleada no último jogo e que tá parecendo chocalho de cascavel, lá no final do rabo). Então, como disse, achei comum e até desnecessária a afirmação.

Enquanto não estávamos casados o Arthur normalmente assistir aos jogos do Flamengo na casa da minha mãe, torcia comedidamente, ficava triste e mal-humorado quando o time perdia, e feliz e carinhoso quando o time ganhava. Nada diferente de qualquer outro torcedor de carteirinha. Também tinha uma camisa do Flamengo e uma camisa "vintage" que um amigo deu, além de um livro falando a história do time (e graças a djá não tinha toalha, bermuda, boné, caneca e etc..).

Quando namorávamos, cheguei a ir com ele em uma final do Flamengo x Vasco lá no Maracanã e o vi berrar, e rodar a camisa e etc...o que achei normal, uma vez que a torcida estava toda lá, feliz e animada com um time ganhando.

O que eu não sabia, caros leitores e amigos, é que assim que nos casamos e viemos morar nesse nosso apartamento gracioso e com milhões de vizinhos, é que o Arthur, aquele cara comedido na frente de uma televisão, era comedido SÓ porque estava na casa da MINHA MÃE. Desde o nosso casamento que eu não assisto mais jogo com ele, simples, me nego.

O Arthur Pessoa Casada Com Apartamento Próprio xinga o juiz alto, como se o juiz estivesse sentado ao lado dele no sofá e ele estivesse tentando deixar o juiz surdo. Ele BERRA com os jogadores, uns berros que vem assim, das entranhas. Ele grita gol correndo de um lado para o outro na sala e balançando os braços como se tivesse quase se afogando. Ele dá murros de raiva na parede de uma forma que eu não sei ainda como ele não conseguiu ainda abrir uma porta alternativa para o quarto de Mini. Ele dorme mais cedo quando o time perde, vai para a cama calado, sem comer, deita e simplesmente se esvai, mal dá boa-noite, beijinho então, só no dia seguinte quando ele acordar meio xoxo.

E eu...ah eu agradeço diariamente o fato de não ter um ventilador de teto em cima do lugar onde fica meu computador (que é onde eu normalmente me aboleto em dias de jogo) porque se tivesse, caros leitores, eu com certeza ficaria com a minha juba presa nele e rodando rodando rodando dos SUSTOS que eu levo a cada berro, sim, porque os berros não vêm de maneira cadenciada né? Eles simplesmente surgem assim, do NADA. A cada grito de gol que vem das entranhas dele, meu coração praticamente se decola das minhas entranhas, meus olhos atingem um tamanho muito maior do que a imaginação é capaz de crer, praticamente se descolando das órbitas e indo parar no teclado. E aí o Nextel dele começa a tocar enlouquecidamente com os amigos dele lá no Rio, normalmente no campo, berrando junto, ou seja, o Nextel dele traz o MARACANà para DENTRO da minha casa, tem noção? E espero sempre que não seja jogo contra o Vasco, porque sim, existe um vascaíno que mora nas vizinhanças, e esse vascaíno já se tocou que tem um flamenguista por perto, então os xingamentos do vascaíno saem já direcionados para a minha varanda, é um tal de "TOOOOOOOOOOOOMA FLAMENGUISTA!!" que deixa o Arthur fora de si esperando uma expulsão ou um gol em campo para berrar de volta "ENGOLE ESSA AGORA VASCAÍNO".....ou então "GRITA AGORA GRITAAAAAAA!!!". ¬¬

É....definitivamente meus domingos e quartas de futebol, nunca mais serão os mesmos...haha

Beijos e Lambidas